Vereadores do PS acusam executivo da Guarda «de se comportar como uma Câmara que não está endividada»
As contas do município voltaram a dar azo à troca de acusações entre o presidente da Câmara da Guarda, Álvaro Amaro, e o vereador do PS, Joaquim Carreira, na última reunião do executivo esta Terça-feira. Na apreciação da prestação de contas do município do ano 2015, o presidente evidenciou o grau de execução do orçamento, a diminuição da dívida em 7,8 milhões e o pagamento médio a fornecedores que no final do ano passado era de 56 dias. Álvaro Amaro realçou ainda que actualmente é de 33 dias, apontando que comparativamente ao executivo anterior houve uma melhoria de 150 dias. O autarca considerou que são «indicadores» que demonstram a «consolidação» das contas e que transmitem «uma perspectiva de esperança». Joaquim Carreira manifestou a sua discordância face à leitura do presidente e apontou alguns reparos com que justificou o voto contra dos vereadores do PS. «Não estariam à espera que tivessemos uma leitura coincidente», disse antes de passar às críticas. Joaquim Carreira considera que a prestação de contas «deixa claro» que as receitas aumentaram, mas também que aumentaram as despesas. E apontou o aumento dos impostos, nomeadamente do IMI, o aumento dos encargos com os empreiteiros e com o pessoal. Joaquim Carreira entende que a «interpretação» dos vereadores do PS é que a sustentabilidade para este executivo «passa pelo aumento de impostos». O socialista acusou ainda o executivo de coligação PSD-CDS/PP de «se comportar como uma Câmara que não está endividada».
Antes de se ausentar da reunião do executivo, para ir participar numa sessão na Casa de Saúde Bento Menni, Álvaro Amaro respondeu às criticas do vereador Joaquim Carreira defendendo que «o PS tem até à Assembleia Municipal [que se realiza esta Sexta-feira] para estudar» o documento que ali estava a ser discutido dando a entender que a interpretação não estava a ser correcta. «Têm de encontrar outras formas. Vão-se ver gregos», disse o autarca. Amaro defendeu que «ainda bem que a despesa sobe» e que o problema seria «se a Câmara não pagasse». Sobre a questão dos empreiteiros, Amaro respondeu que os encargos aumentaram porque a Câmara pagou as dívidas que ficaram do executivo do PS e sobre o aumento de impostos, Amaro voltou a dizer que o executivo teve de trabalhar para evitar o recurso ao Fundo de Apoio Municipal que levaria ao aumento dos impostos para o máximo. Os vereadores do PS abstiveram-se na votação da primeira revisão aos documentos previsionais, com o argumento de que este procedimento lhes veio «dar razão» de que o orçamento era «irrealista» e votaram contra a abertura de um concurso para a aquisição de serviços de silvicultura por entenderem que há freguesias com sapadores florestais que poderiam fazer esse trabalho. Ao argumento apresentado pelo vereador Sérgio Costa que a partir de 15 de Abril os sapadores têm de estar dedicados à vigilância da floresta, Joaquim Carreira ripostou que «a lei não é só de agora e que podia ter sido feito com o devido tempo. O processo devia ter sido gerido de outra forma». Nas declarações aos jornalistas já após o final da reuinão, o vereador do PS acusou o executivo de «entregar tudo a entidades privadas».
Ficou ainda esclarecida a redacção do regulamento de taxas de publicidade que tinha suscitado dúvidas nas duas últimas reuniões. O executivo esclareceu que o regulamento prevê que seja cobrada uma taxa de 27,94 euros por publicidades e toldos nos edifícios até seis metros. A partir dos seis metros, os comerciantes passarão a pagar seis euros por cada metro. Joaquim Carreira sustentou que não foi esta a informação prestada, mas que sendo assim os vereadores iria alterar a votação, dando parecer favorável. «Haverá um ligeiro aumento, mas não tem expressão», justificou lembrando que a versão que suscitava dúvidas implicava «aumentos de cinco vezes mais daquilo que se paga hoje».
Na reunião do executivo foi ainda aprovada a atribuição de medalhas no âmbito das comemorações do 25 de Abril e a atribuição de designações toponímicas a vários arruamentos, cujas cerimónias tinha decorrido no dia anterior.