Vereadores do PS acusam executivo de esbanjar dinheiro com rotundas depois de anunciadas mais duas esculturas
Numa das reuniões de executivo mais curtas do actual mandato, os vereadores do Partido Socialista na Câmara da Guarda votaram favoravel-mente três dos quatro pontos da Ordem de Trabalhos. Joaquim Carreira e Graça Cabral também não colocaram qualquer questão ao executivo antes da Ordem do Dia.
O ponto que mereceu «discordância» por parte dos vereadores da oposição, com voto contra, foi a emissão de parecer para prestação de serviços para a execução do projecto da escultura “Portas da Cidade”. O projecto prevê a criação de uma escultura para a Rotunda do Rio Diz. A obra será de Dora Tracana, escultora da Guarda, «conhecida» do escultor Pedro Figueiredo, autor do Anjo da Guarda, como explicou o presidente da Câmara Municipal, Álvaro Amaro. É uma das duas rotundas que o autarca quer «tentar ter concluídas até ao Verão». A outra é a do Alvendre que está a ser criada «dentro» da Câmara. «Falta pensar quem irá produzir os materiais», sustentou Álvaro Amaro.
Na reunião, o vereador do PS questionou o facto de serem lançados convites directamente aos escultores, defendendo que deveria ser um procedimento «mais abrangente e mais amplo», dando possibilidade a todos os artistas do país. Joaquim Carreira considerou ainda que os vereadores da oposição não vêem «nisto a prioridade das prioridades. Não é o que necessita mais a cidade». Em resposta, Álvaro Amaro disse apenas que a «preferência» do executivo «é a Guarda».
Após a reunião e em declarações aos jornalistas, Joaquim Carreira endureceu o discuso dizendo que embora os vereadores do PS concordem que as entradas da cidade devem ser melhoradas entendem também que o dinheiro «deve ser usado com critérios e com rigor». «Quando se diz que a Câmara está num processo de saneamento financeiro e quando se subiram impostos aos munícipes, como o IMI, não se entende que este executivo vá investir numa terceira escultura e já esteja outra anunciada», apontou o socialista defendendo que «em tempos de crise» não se faz «esbanjamento de dinheiro» e deveria apostar-se na «criação de postos de trabalho». «Não é a gestão correcta. Em dois anos e meio é a terceira rotunda e as famílias estão a apertar o cinto», criticou.
A proposta apreciada pelo executivo aponta para um custo de 92 mil euros, um valor que Joaquim Carreira sublinha estar «no limite» para que o munícipio possa recorrer ao ajuste directo. O vereador aponta ainda que não tenha sido adiantado o tema da escultura e que não tenha sido dada explicações porque foi feito o convite.
Na opinião de Álvaro Amaro, as criticas de Joaquim Carreira «não é conversa sentida». «Isso até é um insulto ao Anjo da Guarda», rematou. O autarca lembra que um dos eixos daquilo que é política nacional é a requalificação urbana, mas «por cá na Guarda só se treinou para reagir quando o céu desabava em vez de agir». «Quem não percebe que a requalificação urbana ajuda a atrair, não percebe nada disto», censurou. Amaro criticou ainda o voto dos vereadores do PS, argumentando não terem «autoridade», até porque «em dois anos e meio nunca deram uma ideia para nada». «Fico impressionado que eleitos do PS que deixaram a cidade ao abandono, votem contra», sustentou.
Sobre investimento, o autarca disse que falará esta Quinta-feira, remetendo para uma cerimónia que irá decorrer nas instalações da empresa Olano, um assunto de que deu conta no início da reunião do executivo sem dar mais pormenores.
Na reunião foi ainda aprovada a realização de cinco concursos públicos para obras de repavimentação de uma estrada e a requalificação de outras quatro. O investimento total é de 1,5 milhão de euros e vai abranger as freguesias de Gonçalo, Valhelhas, Adão, Benespera, Gonçalo, Marmeleiro, Rochoso, Ramela e Panóias.
EG